Introdução
Falar sobre herança nem sempre é fácil, pois envolve emoções ligadas à perda de entes queridos. Além do impacto emocional, muitas dúvidas surgem nesse processo: quais são os custos, prazos e quem tem direito aos bens? Em alguns casos, podem ocorrer disputas patrimoniais.
Compreender como funciona a herança é essencial para um planejamento sucessório eficiente e dentro da legalidade. Este material traz os principais pontos sobre o tema, abordando planejamento, direitos dos familiares, tributação, ausência de testamento e outras questões importantes.
O que é herança?
Herança é o conjunto de bens, direitos e obrigações deixados por uma pessoa falecida para seus herdeiros ou beneficiários. Esse patrimônio pode incluir imóveis, investimentos e outros bens, sendo partilhado conforme determina a lei.
O direito à herança é garantido pela Constituição Federal (Art. 5º, inciso XXX) e regulamentado pelo Código Civil, que define quem são os herdeiros e como a partilha deve ser feita.
Quem tem direito à herança?
No Brasil, o testamento não pode ser feito livremente sem respeitar a lei. O Código Civil define dois tipos de herdeiros:
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Herdeiros Legítimos:
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Herdeiros Testamentários:
São aqueles que têm parentesco com o falecido e têm direito à herança independentemente de testamento.
São aqueles designados no testamento, podendo ou não ter relação familiar com o falecido.
Dentro dos herdeiros legítimos, há uma subdivisão importante:
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Herdeiros Necessários:
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Herdeiros Legítimos Não Necessários:
Descendentes (filhos, netos, bisnetos), ascendentes (pais, avós, bisavós) e cônjuge ou companheiro(a). Esses herdeiros têm direito garantido a 50% da herança.
Parentes colaterais (irmãos, sobrinhos, tios, primos até o 4º grau), que podem ser excluídos se houver um testamento dispondo de outra forma.
Caso o falecido não deixe herdeiros, a herança pode ser destinada ao Estado.
Regras para Partilha de Bens
A partilha de bens pode ocorrer de duas formas:
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Por testamento:
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Sem testamento:
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Descendentes (filhos, netos) e cônjuge.
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Ascendentes (pais, avós) e cônjuge.
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Somente cônjuge.
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Colaterais até o 4º grau.
O falecido expressa sua vontade sobre a distribuição dos bens, desde que respeite a parte obrigatória dos herdeiros necessários.
A herança é dividida conforme a ordem estabelecida pelo Código Civil:
Caso não haja herdeiros, os bens são destinados ao Estado.
É Possível Excluir um Familiar da Herança?
Sim, em duas situações:
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Indignidade:
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Deserdação:
Quando o herdeiro comete atos graves contra o falecido, como violência, fraude ou tentativa de impedi-lo de dispor de seus bens.
Quando o testador manifesta expressamente a vontade de excluir um herdeiro necessário por razões como ofensa grave ou abandono.
Ambos os casos precisam ser judicialmente reconhecidos.
As Dívidas Passam para os Herdeiros?
Os herdeiros não são pessoalmente responsáveis pelas dívidas do falecido. No entanto, as dívidas são quitadas com o patrimônio da herança antes da partilha. Se as dívidas forem superiores aos bens, não há herança a ser dividida.
Tributação da Herança
Além dos impostos, como o ITCMD, a transmissão de patrimônio envolve outros custos significativos, incluindo honorários advocatícios e taxas cartorárias. Estima-se que o custo total de um inventário possa variar entre 10% e 20% do valor dos bens, dependendo do estado e da complexidade do processo.
Por exemplo, no estado de São Paulo, a alíquota do ITCMD é de 4%, e os honorários advocatícios podem representar cerca de 6% do valor do patrimônio, além de aproximadamente 1% em outras despesas.
Portanto, é essencial considerar esses custos ao planejar a transmissão de bens, pois eles podem impactar significativamente o patrimônio a ser transferido aos herdeiros.
Planejamento Sucessório: Como Se Preparar?
O planejamento sucessório ajuda a evitar conflitos e otimizar a distribuição dos bens. Algumas opções incluem:
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Testamento:
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Doação em vida:
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Previdência privada:
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Seguro de vida:
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Holding familiar:
Documento formal para definir a destinação dos bens.
Antecipar a transferência de bens, respeitando a parte dos herdeiros necessários.
Forma de repasse de recursos fora do inventário.
Garante liquidez imediata para os beneficiários.
Empresa criada para administrar o patrimônio, reduzindo custos tributários.
Conclusão
A herança envolve aspectos legais e patrimoniais que devem ser compreendidos para garantir uma sucessão tranquila e justa. Buscar orientação jurídica especializada é essencial para evitar problemas futuros e garantir que a vontade do falecido seja respeitada dentro dos limites legais.
